quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Riso que saiu pela Culatra


Já tem um bom tempo que desisti de programas televisivos como CQC e Pânico na Tv. Com alguns quadros em exceção, tenho visto esse tipo de programa apelar muito pela ignorância e sedentarização de nós telespectadores. O alvo constante das brincadeiras e do fazer rir parte da humilhação e da pregação de novos conceitos e ideais muito pouco valorizados nos dias de hoje. Ao mesmo tempo em que brincam e prezam pelo conservadorismo, também combatem uma série de preconceitos velados pela sociedade atual. Soa um pouco contraditório, não é?
Pois é, de hipocrisia mútua, propagada e festejada eu acredito que ninguém esteja precisando.
Enfim, por mais que eu desprezasse o estilo desses programas, não era um assunto que me incomodava tanto até ver a dimensão que tomou o caso Rafinha Bastos / Wanessa Camargo.
Para quem não sabe (acho difícil), Rafinha Bastos foi afastado do programa CQC, no qual é um dos apresentadores fixos, por caluniar de forma infantil e inconsequente a cantora Wanessa Camargo. Num comentário altamente infeliz, o comediante (se é que posso chamá-lo assim) disse que “comeria Wanessa e o filho dela”, filho este que nem nasceu e já move um processo contra o comediante da Rede Bandeirantes.
Inicialmente, a cantora quer uma indenização de cerca de R$100 mil reais, no qual o feto entra alegando a violação de seus direitos. Rafinha Bastos ainda pode pegar três anos de detenção por sua língua afiada.
Dada uma pincelada no quadro, entro agora com o que mais vem me chamando à atenção quanto ao caso: a mobilização nas redes sociais em prol do comediante. Usuários do Facebook, por exemplo, estão proclamando sua indignação quanto ao fato de Rafinha Bastos poder ser processado pelo feto da cantora. Alguns comparam casos do comediante com casos de políticos famosos por sua mão leve, como o canastrão Paulo Maluf. A frase mais constante está sendo: “Brasil, país onde os humoristas são levados a sério, mas os políticos são levados na brincadeira”, publicação que foi compartilhada, até agora, por mais de 150 mil usuários da rede social.
Será que é isso mesmo? Será que foi uma brincadeira do comediante e, por isso, deveríamos deixar passar em branco as palavras do homem de preto?
Em parte, eu até concordo com a publicação, mas não acredito que um erro possa justificar o outro. As pessoas se esquecem da ética e partem em defesa da ignorância e da corrupção sem mesmo perceberem. O comediante Rafinha Bastos, desde que foi afastado, por tempo indeterminado, da programação da emissora, não teve a elegância ou o altruísmo de reconhecer seu erro, muito pelo contrário, passaram a ser constantes as mensagens e imagens em que o comediante tira sarro da situação, como se ele estivesse pouco se importando se será ou não processado. E ainda temos uma série de sujeitos agindo em defesa de sua inocente brincadeira.
Nós como cidadãos que buscamos pela preservação e confirmação de nossos direitos, deveríamos ser os primeiros a levantar em prol do que é certo e, não, tentar salvar uma causa que não tem salvação, que não existe justificativa, já que esta anda alimentando visões de mundo um tanto contorcidas. O cara errou, o cara tem que pagar, independente dele ser político, astronauta, feirante ou COMEDIANTE.
E ainda dizem que isso é humor inteligente.


Por Gustavo Pavan