terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Correnteza que Segue



Todo começo de ano é assim: chuva e mais chuva. Deslizamentos de encostas que soterram seres humanos, cachorros, alguns sonhos, algumas vidas singulares tão desconhecidas. É água que não tem fim, de rios e de lágrimas, de lama e de esgoto. Em 2008 foi em Santa Catarina, perdas insubstituíveis e traumas eternos. Em 2011, foi a vez do estado do Rio de Janeiro lamentar quase mil mortes e três cidades completamente devastadas. Esse ano é Minas Gerais que enfrenta um caos quase que generalizado de Norte a Sul de seu território.

Não estou aqui pra pedir ou exigir atitudes dos órgãos responsáveis, os donos do dinheiro público sabem o que devem fazer ou pelo menos deveriam saber, nem pra implorar ajuda aos necessitados, nós sabemos e nos orgulhamos da solidariedade e do calor do nosso povo. Como cidadão, me senti no direito e no dever de não deixar que toda essa tragédia passasse em branco, pelo menos na minha vida.

Por quê?

Por mais que eu possa expressar em palavras o quanto é desastroso uma enchente ou um soterramento de uma família inteira, eu nunca estarei fazendo jus a dor dessas pessoas. Porém, agora eu sinto essa tragédia mais perto do que nunca.

Em 2010 passei no vestibular e fui morar em São João del Rei, cidade histórica da região central do estado de Minas Gerais. Passei um ano maravilhoso. Conheci pessoas sublimes, vi lugares marcantes e monumentos incomparáveis. Passei a amar a cidade, juntamente com seus defeitos e qualidades. Hoje, é a minha cidade. É a minha casa.

Nunca em minha vida passei por uma tragédia do calibre de um desastre natural: enchentes, furacões, terremotos, seja lá o que for eu nunca vi nada assim tão de perto. Continuo sem ver. Entretanto, hoje, dia dez de janeiro de dois mil e doze, eu senti uma dor no peito ao ver a cidade que eu escolhi pra viver sendo devastada pela água. Não só pela água, mas também pela falta de estrutura dada pela prefeitura à população e pelo desleixo da própria.

O sentimento de impotência só cresce, junto com ele cresce a sensação de estupro financeiro, abandono e perigo. Talvez eu esteja “chovendo no molhado”, fazendo tempestade em copo d’água, mas, mesmo assim, eu queria deixar registrado esse momento, esse sentimento que me toma por inteiro agora. Ver o campus da minha faculdade inundado, de onde você nem enxergava o rio, fez com que eu perdesse o ar.

Há mais de quinhentos quilômetros da tragédia, sem um centavo no bolso, decidi acreditar em Deus e pedir que ele cuide de São João del Rei e de todas as Minas Gerais. Porque é assim, o rio tem que seguir seu caminho.
Porque nós não haveremos de seguir o nosso?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A filha do Justus.

Primeiro de tudo, começar a vida sendo taxada de FILHA de alguém é chateação demais. Não é apenas um modo de intitular alguém, existe uma cobrança mascarada que pressiona a vida e o desenvolvimento por muito e muito tempo, talvez para sempre.

Essa menina não é apenas filha de um grande empresário brasileiro e de uma modelo lindíssima (filha da tão famosa 'Garota de Ipanema'), ela é filha da mídia brasileira, e está a mercê da massa que, como vi em alguns blogs, não aprovou muito bem o 'produto' do casal.

Com apenas dois anos e pouco, Rafaella Justus sofre com a mídia brasileira por não ter nascido tão bonita. Seus pais por muitas vezes explicaram com letras garrafais: "Rafaella não possui nenhum tipo de doença física ou mental". Ela só faz parte dessa massa que não tem espelho em casa e que só sabe comparar os filhos com os pais, os filhos com artistas, os filhos com...

Poxa, a garota só não saiu como o planejado por essa massa que cobra demais! Ainda assim, é uma CRIANÇA! Que ainda vai crescer, que ainda não sabe que os padrões estéticos ditam a beleza nesse país de gente misturada, que ainda nem imagina a pressão que vai sofrer por ter uma família de gente bonita e com muito dinheiro no bolso.

A última notícia que vi sobre Rafaella e que me motivou a fazer esse texto, foi do site R7, onde o casal afirma que a filha irá agora em janeiro para os Estados Unidos, compensando, assim, sua falta no desfile da escola de samba Rosas de Ouro em homenagem ao empresário Justus. Vocês acham que o casal está tentando poupar (AGORA) a filha de ainda mais exposição?

Será que o erro foi mesmo dos pais por tê-la exposto quando ainda estava na barriga da mãe, ou da época (cheia de atrizes e modelos grávidas) que Ticiane engravidou? Futilidade, você está demitida!

Meu coração dói por pensar que essa menina irá crescer e ver tudo o que já escreveram sobre ela, ver as expectativas fúteis que criaram por e PARA ela. Espero que a garota se esforce para não tentar ser mais uma filha de alguém que segue tal padrão, que não queira ser outra Garota de Ipanema.

E que fique claro que esse texto foi feito para a RAFAELLA JUSTUS, filha de um pai e uma mãe.
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Fonte da matéria comentada e foto, site http://entretenimento.r7.com/